Friday, December 29, 2006

Última Obcecação de 2006

Balanceio-me
Num balanço balanceado
Que é balancear
Todo este ano

Pergunto-me
Perguntas perguntadas
Sem respostas.
Respondidas

Sinto-me
Sentido com os sentidos
Que sentem.
Sentimentos

Farto-me
Da fartura que farta
Que inunda e tortura
Os que (como eu)
Não apanham ainda
Tudo!

Thursday, December 28, 2006

Obcecação XLVI

Foi em ti que encontrei
Essa paz, esse amor
E a ti volto sempre
Quando animado
Por essa luz
Que preciso
Que se torna
Conhecida

Mas há momento
E são tantos
Em que não consigo ver em mim
Essa luz
Sei que brilha
Que nunca pára
Mas não vejo
E então fico-me
Parado

Não esqueço
Mas sem ti não consigo
Ajuda-me a voltar
A não ter medo de acreditar
Que é possível
Assim eu queira
Assim eu creia
Ver

Como Adão e Eva
Antes dos tempos,
Como Maria
No seu sim,
Como Jesus...
A alegria e a dor
Os outros, os meus.
Como eu próprio
Quando me deixo tocar
Por tão leve sopro
Grande abraço
Infinito amor

Tuesday, December 26, 2006

Diário de Bordo #4

Preparas-te todos os anos para celebrar o nascimento deste menino, de Jesus! Organizas tudo ao pormenor, não esqueces nada. Sim, umas coisas têm de ficar mais para o fim... o que é que a mãe quer, diga lá, amanhã já é dia 24!!!. É uma festa. É Natal!
Mas e na vida? Na tua vida? Já chegaste ao Natal? Porque és tão meticuloso agora, mas tão desleixado, preguiçoso, em relação ao resto? O Menino já nasceu para ti? Já te preparaste para o assumir e viver sempre?
Que celebras tu na Páscoa? A morte e ressurreição d’Aquele que ainda não nasceu em ti? Que sabes tu do Horto, tu que não sabes do Presépio em Belém?
Sim, eu sei. É difícil. Mas vai, liberta-te. Lembra-te que o Menino nasceu como tu, sem saber. Ao princípio também tudo era Advento. Também Ele ouviu falar da chegada sem saber que era a Sua. Que era Ele. Também Ele, como tu, aprendeu de cor antes de sentir, antes de Se sentir em Si.
Confia!

Wednesday, December 20, 2006

Obcecação de Natal

Do Natal lembram-me os cheiros
A mesa farta, os presentes
A alegria do tempo
Que se sente

Lembram-me as caras
Esquecidas
As pessoas
Ausentes
Os momentos
Repetidos
Ano após ano

São os hábitos criados
Da tradição que não se abandona
Que nos prende
Num contínuo sem sentido
Que seguimos sempre

Esquece-me o menino
Esse mesmo
Nascido em Belém
Que da pobreza se torna Rei
Que nasce para dar vida
Que dá, até aos que tiram
Que Ama

Esquece-me esse Amor
Que não há tempo
Há tanto para fazer
Para pensar
Organizar, gerir, mandar, decidir

Faz-Te presente Jesus neste Natal
Em tudo, para que o tudo tenha sentido.

Monday, December 18, 2006

Obcecação XLV

Esqueceste-te na prática do essencial
Eu vi que te esforçaste
Foste discreto
Mas eu soube
Liguei os pontos
Somei as letras
Foi claro para mim
Que era essa a intenção

Mas esqueceste o mais importante
Bastava uma palavra simples
No preciso momento em que o medo
Te vencia
Foi enorme o que fizeste
Mas não fosse eu tão atento
Não fossem os pontos e as letras tão claros
E tudo teria sido em vão

No fim tudo igual
Tudo menos o teu esforço
E a minha compreensão
Fossemos nós maiores...

Mas para lá caminhamos!

Wednesday, December 13, 2006

Obcecação XLIV

Quantos são os ideais que te movem?
Conta-os!
Um, dois, três... perdeste a conta?
Falam de Paz
De Amizade
De Amor
E os meus, de que te falam?
De que tens medo?
De não ser como eu digo?
Mas eu não digo nada...
De não ser como eles dizem?
Mas o que eles dizem só é Verdade
Porque eu sinto
Não acreditas que sinto?
Sinto como tu!
Não sentes?
Então como podes dizer-te movido
Pela Paz
Pela Amizade
Pelo Amor
Então sempre sentes, mas não como eu?
Digo-te
Quem me dera a mim voltar a sentir como tu
Porquê?
Porque só sentiria...
Hoje preciso de muito mais.

Monday, December 11, 2006

Diário de Bordo #3

- Custa-me tanto. A minha vida deixou de fazer sentido depois da morte dele...
- Temos de acreditar... ser fortes!
-
Mas para onde vão as almas? Já falei com tantos Padres, ninguém me sabe dizer... ninguém tem certezas.
- A Fé dá-nos também estas certezas.

Feita de encontros inesperados, a vida provoca-nos a um tal ponto que, quando cheios de certezas, nos deparamos com pessoas que precisam de respostas que não temos. Tornamo-nos aquilo que somos e do qual fugimos, por medo, estupidez... Somos pequenos! Mas viver é já tanto. Queremos ser enormes. Andamos à procura de motivos. Simulamos tudo e mais alguma coisa. Damo-nos e retraímo-nos com a mesma facilidade, porque nos faltam “unhas”. São os passos maiores do que as pernas, uma constante ambição, legítima, mas tão pouco verdadeira. Propomo-nos constantemente a tanto e fazemos tão pouco. Enganamo-nos ao pensar que nos falta tempo, espaço. Enganamo-nos porque este peso é tão grande, que estas propostas diárias nos distraem. Ser um bom amigo, ocupa-me umas horas. Ajudar um velhinho a atravessar a estrada, uns minutos. Rezar uma Ave-Maria pelo bem do mundo, uns segundos...
E a vida? E viver? Sem saber nada, sem saber porquê. Viver porque sim, e acordar todos os dias para... viver. Não será isto enorme? Gostamos de agradecer este dom, esta graça, mas a vida é tão mais que dons e graças! É na vida que os dons e graças entram em acção. É pela vida que nos são concedidos dons e graças.
Nos dias maus, que se reconhecem pelas ausências: de sorrisos, de vontade, de Deus (como se isto fosse possível), gosto de me pensar herói! Herói desta grande causa que é a vida, princípio de Vida! Então sorrio e é sincero... só pode ser, como diria alguém que conheço, de Jesus! Procuramos ser Grandes em todo o lado, fora de nós. Dependemos dos outros para tudo, até para vivermos uma grande vida. Mas apregoamos a torto e a direito que “só Deus basta”... enganamos e enganamo-nos.
Deus que é para a nossa vida Tudo, assim saibamos aceitar a Verdade.

- Sim... as almas vão para o Céu... eu sei!

Thursday, December 07, 2006

Obcecação XLIII

Segue-Me até ao Horto

Na experiência da falta de vontade
Que encontra abrigo em mim
E falsamente me conforta
Que saiba propor-me à Grandeza
Que vem desse toque
Sopro Teu em mim

Ora para não entrares em tentação

Atento ao que me rodeia
Sou chamado a procurar
A cada vez mais longe olhar
Essa Luz que encandeia, aquece
Mas que me foge
Não permanece

Porque dormes?

Tantas vezes perco
Esta batalha que se desenrola cá dentro
Deixo-me ir por algo pequeno
Não simplesmente menor
Infinitamente mais pequeno
Tenho vergonha
Quero gritar

Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice,

Não se faça, contudo, a minha vontade mas a tua

Tuesday, December 05, 2006

Obcecação XLII

Movem-me os escrúpulos
Mais do que a Fé
Perco em mim certezas
Deixo-me ganhar pelos medos
Que de pouco subtis
Me espantam com a facilidade
Com que me deixo ir
Sem querer

Movem-me as imagens
Mais do que os actos
Sou vencido pelos temores
Que me cansam e convencem
Que não há mal nenhum
Que vença esse bem
Que sentado creio
Mas não procuro

Movem-me promessas
Mais que realidades
E tudo é tão bonito e tão pequeno
Efémero como a vida que se vive
E não se sabe viver

Movem-me os nomes
Mais do que as pessoas
Então percebo que estou errado
Paro
Mas não se pára o que não arranca

Monday, December 04, 2006

Diário de Bordo #2

- Não fiques triste Miguel, isso é um sinal. Uma grande sorte, acredita em mim!
- Estás parvo, estou tristíssimo... significava imenso...
- Vou-te contar uma história:
Na Alemanha existe uma igreja, que foi destruída pelos bombardeamentos na Segunda Guerra Mundial, que tem um Cristo crucificado sem braços. Por cima da cruz está escrito: “Não tenho outras mãos senão as tuas”

11 Meses (já só faltam 9(?) anos)... que saudades!