Thursday, November 30, 2006

De Santo Isaac (séc. VII)...

ESTA NOITE VIRÃO PEDIR-TE A VIDA

Senhor, torna-me digno de desprezar a minha vida pela vida que se encontra em Ti. A vida neste mundo é semelhante àqueles que formam palavras com letras, acrescentando-as, retirando-as e alterando-as a seu bel prazer. Mas a vida do mundo futuro é semelhante ao que está escrito sem o menor erro nos livros selados com o selo real, a que nada falta e a que nada há a acrescentar. Assim, pois, enquanto nos encontramos no seio da mudança, estejamos atentos a nós próprios. Enquanto temos poder sobre o manuscrito da nossa vida, sobre aquilo que escrevemos com as nossas próprias mãos, esforcemo-nos por lhe acrescentar o bem que fazemos e por pagar os erros da nossa primeira conduta. Enquanto estamos neste mundo, Deus não põe o selo, nem sobre o bem, nem sobre o mal. Apenas o faz no momento do nosso êxodo, quando termina a nossa obra, no momento em que partimos.

Como diz Santo Efrém, temos de considerar que a nossa alma é semelhante a um navio preparado para o mar, que não sabe quando se levantará o vento; ou é semelhante a uma armada que não sabe quando soará a trombeta a anunciar o combate. Se isto diz do navio e da armada, que esperam algo que poderá não se realizar, quanto mais deveremos preparar-nos para a chegada brusca desse dia em que será lançada a ponte e aberta a porta do novo mundo? Que Cristo, o Mediador da nossa vida, nos conceda estar preparados.


Não me estava a apetecer nada... mas este texto abriu-me os (bons) apetites.

Wednesday, November 29, 2006

Obcecação XLI

É de uma tristeza que fala
Por vezes
Este andar
Um peso
Uma dor

Não sou eu
Não é minha
Mas dói cá dentro
Sente-se a cada passo
Não explico
É tão maior

Encontro-te
Estás triste
Pergunto:
É tua esta dor
Este peso
Esta tristeza
Todo o cansaço

De repente
A leveza
Não, quero mais
Quero sofrer contigo
Por ti
Dá-me tudo o que dói em ti
Eu carrego!

Deixa-me levar-te ao colo!

Monday, November 27, 2006

Obcecação XL

Passeio-me tantas vezes
Nesta ponte que separa
O que é Verdade em mim
De tudo o resto

Sinto-me tantas vezes
Longe de tudo isto
Que é para mim
Nada
A ausência do que procuro
A perda constante
Dos pilares que me sustêm
Pequenas verdades impostas
Por tantos
Há tanto tempo

Desisto a cada minuto
E a cada minuto seguinte
Forço-me a continuar
Porque vale a pena
O quê?
O que não explico
O que não compreendo
O que me ultrapassa

O que fala mais alto
E eu não oiço
Mas sinto.

Friday, November 24, 2006

Obcecação XXXIX

Lança-te ao encontro do tempo
Que corre, que voa
Agarra-o sem o apertares contra ti
Assume-o sem que se torne teu
Mas que seja para ti
Tempo

Lança-te ao encontro do outro
Que está sempre lá, onde o vês
Sente-o como teu, como tu
Prende-o a ti
Liberta-o do mundo
Ama

Lança-te ao encontro da Vida
Toma-a
Põe-te, dispõe-te, impõe-te
É para ti
Mas não é tua
Vive

Lança-te...

O resto virá
Na exacta medida
Da proposta

Wednesday, November 22, 2006

Obcecação XXXVIII

Sinto-me só
De tão acompanhado
Do tanto que me rodeia
De tudo isto
Que me escapa
Do desperdício
De ter tudo
E perder
Ainda perder
Tempo
A pedir
Mais
Sempre mais
Tanto mais
Que nem sei que
Peço
Se é que peço
Porque me julgo
Vejo
Tantas vezes
A queimar tempo
Apenas isso
Não quero
Não preciso
Mas pedir
Ocupa-me
Ocupa
O vazio
Que eu preencho
Em mim

Esta ilusão que é a recusa
Da Verdade que me inunda
Mas que não deixo
Vencer-me

Então
Perco!

Monday, November 20, 2006

Obcecação XXXVII

Nem mil palavras
Para explicar
Esse sorriso
Único
Verdadeiro

Nem mil sorrisos
Passados
Para comparar a esse
Único
Verdadeiro

Nem mil abraços
Nem mesmo os meus
Como se fossem os meus mais especiais
Que o são
Para mim
Mas nem sempre sente o que recebe
O mesmo que o que dá

Nem mil outras imagens
Tuas sequer
Se igualam àquela
Única
Verdadeira
Que guardo cá dentro
E que é minha!

Friday, November 17, 2006

Ao coro...



Sim... tenho um imenso mau feitio...
Sim passo-me da cabeça... mas bolas, é preciso ser Santo!
Um meu obrigado à Joana, à Inês e à Madalena por... me aturarem ;)

Obcecação XXXVI

Penso que é possível chegar lá
Sem enganos maiores
Sem dores nem perdas
Sem choros desmedidos
Sem nada

Volto a pensar como seria
Bom
Calmo
Se sem sobressaltos
O caminho se mostrasse
Adiante
Sem pedras
Sem atalhos

Entro no sonho
E tudo revela
Paz

Acordo...
Que mundo bonito
Sem guerras
Sem batalhas
...
Sem vida

A vida, meus amigos, é mesmo assim!
E o que dizer de nós, por vivê-la, senão que somos uns heróis?
À conquista...À conquista!

Wednesday, November 15, 2006

De Simplus...



É CANTANDO

É cantando
Que Te abraço, que me tens
É cantando
Que Te falo bem de dentro
É cantando
Que me dizes para ficar
Foi cantando
Que me quiseste acordar

Mas é chorando
Que o coração Te vê
É caindo
Que Te estendo a mão
E é sofrendo
Que a gente aprende a ser
Todo Teu...todo Teu!

Monday, November 13, 2006

Obcecação XXXV

Parado
Em silêncio
Olho para Ti
E tento ver-Te
Estás tão perto
À minha frente
Não Te vejo


Quieto
Concentrado
Tento falar-Te
De mim
Das minha coisas
Da minha vida
Sei que sabes tudo
Que me respondes às perguntas
Todas
Não Te oiço


Já em desassossego
Grito-Te em pensamento
Olho à volta
Inquieto
Sinto a calma
Dos que me rodeiam
Sou e experimento
A pequenez
De não conseguir
Ainda
Ver-Te
Ouvir-Te


Amo-Te, percebes
Sim, respondes,
Não o sentes no coração?
Sinto… mas não explico
Isso basta!

Thursday, November 09, 2006

Obcecação XXXIV

Aceita

Cada obrigado
Cada sorriso
Cada palavra bonita
Cada gesto bom

Aceita

Torna-os teus
Torna-te neles

Confia

Não temas o peso
Que te pesa
As costas
E te faz pensar
Que enganas
Que iludes
Que nada é assim tão...

Agradece

Wednesday, November 08, 2006

De Jaime Bilbao...

No último Prós e Contras, a eurodeputada Edite Estrela considerou que o aborto poderia ser legítimo, caso a mãe descobrisse que a criança era portadora de trissomia 21.
Eu tenho uma irmã com olhos azuis. Chama-se Mónica, tem 22 anos e tirou o curso profissional de Serviços Básicos de Hospitalidade.
Trabalha hoje numa pastelaria de Lisboa. Os olhos dela são lindos e ela é educada, feminina, anda sempre perfumada...
A Mónica é a minha irmã e irmã de mais três. Gostamos muito dela e ela é muito feliz. Dá unidade à família, está atenta sempre a todos e a cada um.
A sra. eurodeputada não tem os olhos azuis mas tem uns olhos tão bonitos como os da Mónica. Tem os talentos e as virtudes de avó e de mãe. E tem dificuldades; certamente também chora e se alegra, é mais uma das pessoas deste nosso planeta que acorda todas as manhãs e lava os dentes.
De certeza que já viu um pobre na rua e lhe estendeu a mão direita (a esquerda) ou as duas, ou olhou para uma prostituta e sentiu pena. De certeza que já ajudou alguém em apuros.
Gostávamos que viesse a nossa casa, provasse os muffins que a Mónica faz e visse o gosto com que ela põe a mesa. E descobrisse que esta menina de olhos azuis tem... trissomia 21.
E ficaria bem contente por ela ter nascido. Tal como nós. Tal como qualquer pessoa.
Destak, 03 de Novembro de 2006
Um grande abraço ao Jaime por este testemunho... muito bom mesmo!
Fico então à espera do convite para os já famosos muffins de chocolate da Mónica... com ou sem a Dr.ª Edite Estrela

Tuesday, November 07, 2006

Aos (des)Atentos...

Uma vez uma nuvem andava a passear pelo céu, e avistou uma flor que estava a murchar.
Decidiu que ia salvá-la.
Todos os dias ia lá regá-la... durante muitos e muitos dias, a nuvenzinha passava pela flor e dava-lhe tudo o que tinha e o que nao tinha... mas o mais estranho, é que a flor nunca melhorava...
Passados muitos dias, a nuvenzinha desistiu, muito triste, de tentar salvar a flor e foi-se embora! Daí a algum tempo, a flor começou a melhorar, até que ganhou imensa força, fruto de tudo aquilo que a nuvem lhe tinha dado...
A nuvem nunca soube dos frutos do seu empenho e entrega, mas a flor melhorou na mesma...

Obrigado Maria por esta história que tem "pano para mangas" de coisas para pensar!

Monday, November 06, 2006

Diário de Bordo #1

O Silêncio pedido gerou em mim a confusão de ser tão grande a proposta e tão curto o tempo.

Louvar-Te. Reverenciar-Te. Servir-Te.
Acima de tudo conhecer-Te!

Segui sozinho à procura de companhia. Da Tua companhia. Segui em frente, não olhei para trás. E se olhasse nada veria, tão escura era a bruma. A alumiar o caminho uma vela que me mostrava as mãos, as mesmas que queria bem voltadas para cima, como o homem da história do Pe. Nuno. Mãos prontas a receber!

Louvar-Te. Reverenciar-Te. Servir-Te.

As Pistas, as três (ou quatro!!!), definiam esse Caminho que se queria até ao teu Sopro. Quis procurar outras coisas, pensar-Te de outra forma, e então lembrei-me de Fabro e a sua ordem interior. O seu discernimento fruto de uma luta interior constante à Tua procura. Quis ser grande e logo me confrontei com a minha pequenez. Mas não parei.

Acima de tudo conhecer-Te!

Ficam as lembranças de mais uma caminhada para Ti. Fica também na memória a história da nuvem e da flor, do Aceitar ser nuvem e flor. Fica, acima de tudo, a vontade de ir mais longe, conTigo e para Ti!

Friday, November 03, 2006

De Rui Corrêa d'Oliveira...

SENHOR ACENDE EM MIM O TEU FOGO

O tempo que me dás vai-se escoando na minha história sem que o fogo da tua graça me incendeie a alma até que queime o chão que piso.

Olho para trás e não vejo, como queria ver, a marca do teu fogo nas marcas que vou deixando.No fundo, tenho medo desse lume que arde sem se ver, mas que queima de verdade a ponto de consumir uma vida inteira. Aquelas vidas que assim se deixaram devorar por esse fogo são hoje sinais que me são dados de como Te fazes presença na idêntica humanidade de gente como eu.Tenho medo de me queimar, ainda que saiba quanto lixo e folha seca eu tenho, à espera de fazer essa fogueira que consome o que não presta e deixa espaço para que a verdade se afirme em chama de lume novo.Tenho medo de dar ao fogo o que tenho porque esse nada que tenho às vezes parece muito e vou-me consolando com a ilusão de ter o que não tenho.É desta matéria fraca que são feitos os pecadores. É por esta pobreza de alma que nascem tão poucos missionários, desses que vivem vidas que nos gritam Cristo por onde passam.O que não me deixa de espantar, é que foi nesta amostra de gente que quiseste encarnar. Foi com gente como eu que quiseste fazer a Igreja, a quem deste o fogo do teu Espírito para que devorasse a terra inteira.

Grande és Tu, Senhor, que do nada fazes tudo. Como no tempo dos profetas incendiaste a madeira verde do altar de Elias, também hoje continuas a fazer santos de teimosos pecadores.O fogo da tua graça é a minha esperança, o calor da tua presença é a minha certeza, e a misericórdia do teu braço, a minha paz.

Ámen.

A todos aqueles que não se deixarem tocar e passarem indiferentes a este testemunho, recomenda-se PROZAC, muito prozac...
Estamos claramente perante um caso grave de delírio!
Obrigado à Maria ou à Isabel (já não me lembro qual das duas) pelo texto...

Thursday, November 02, 2006

Obcecação XXXIII

Quando nem as palavras
Nem os gestos
Quando nem os passos seguros
Nem o constante tropeçar
Quando nem toda uma vida...

Lembra-me do Amor!